CONTRAPONDO A ARROGÂNCIA COM A HUMILDADE - Lição 07




Texto Áureo: Pv. 16.18 – Leitura Bíblica: Pv. 8.13-21


INTRODUÇÃO
A arrogância causa muitos males ao ser humano, mas essa nem sempre é percebida, isso porque o orgulhoso não atenta para a sua condição. Por outro lado, a humildade, uma das principais virtudes cristãs, precisa ser cultivada, contrapondo a altivez de espírito. Na aula de hoje, com base no livro de Provérbios, bem como em outros textos bíblicos, faremos um estudo comparativo entre esses dois comportamentos. Ao final ressaltaremos os aspectos cristãos da humildade, personificados no próprio Cristo, o maior exemplo de serviço.
1. ARROGÂNCIA E HUMILDADE: DEFINIÇÕES
A arrogância (hb. gabahh) é caracterizada pela falta de humildade e geralmente está associada ao fato de a pessoa se mostrar indisposta para ouvir os outros. A pessoa arrogante não quer aprender com o próximo, pois pensa ser dona da verdade. Ela se coloca acima dos outros, e se orgulha das percepções que tem de si mesmo. Esse é um pecado perigoso, pois não tem limites, o arrogante pode chegar a pensar que é o próprio Deus (Ez. 28.2). Esse foi o pecado que conduziu Satanás à queda, o inimigo não quis ficar na sua posição, tentou tomar o trono do Altíssimo (Is. 14.13,14). Como fez Satanás, o arrogante não se submete às normas, na verdade ele estabelece suas próprias regras, que geralmente favorecem apenas a ele mesmo (II Ts. 2.4). Aqueles que são altivos de coração também são orgulhosos, e por não se coadunarem aos princípios divinos, se voltam em rebelião contra Ele (Pv. 24.1; Tg. 3.16). A Torre de Babel, de Gn. 11, é uma demonstração do que o homem arrogante pode fazer, revela também as consequências dessa vaidade. Esse é também um pecado de cegueira espiritual, pois a pessoa que assim procede nega-se a ver o engano no qual se encontra (Mt. 15.14; 23.16-23; Rm. 2.19; Is. 3.12; 9.16; 42.19; 56.10; Os. 4.12). Por esse motivo os arrogantes não se dobram diante da Palavra de Deus (II Tm. 3.16), não se submetem em humildade ao que Deus diz (Pv. 11.2). Os falsos mestres tendem à arrogância, presunção e orgulho (I Co. 8.1; Cl. 2.18), e não são facilmente libertos do pecado porque rejeitam o ensinamento bíblico (Hb. 10.25; II Tm. 4.3; II Jo. 10,11). A oposição à arrogância é a humildade, uma virtude extremamente necessária àqueles que professam a fé em Cristo. Ser humilde (gr. ani) é uma disposição de dependência do outro, o verbo grego tapainoô tem a ver com a condição de fazer-se pequeno, mais que isso, a de ser obediente. Jesus, em Lc. 18.14, diz que aqueles que se exaltam serão humilhados, e os humilhados serão exaltados. Ele deu o maior exemplo de humildade, esvaziando a si mesmo, assumindo a posição de servo (Fp. 2.8).

2. ARROGÂNCIA E HUMILDADE EM PROVÉRBIOS
No livro de Provérbios, a contraposição entre arrogância e humildade é um dos principais temas desse texto sapiencial. O autor de Provérbios aconselha as pessoas a não se considerarem sábias aos seus próprios olhos, antes devem confiar no Senhor (Pv. 3.5-8), considerando que Ele exalta o soberbo, e dá graça aos humildes (Pv. 3.34). A arrogância, em várias passagens, traz consequências nefastas, pois com ela vem a desonra, a humildade, por sua vez, é uma demonstração de sabedoria (Pv. 11.2). O arrogante é comparado a um tolo, já que esse não aprende, não extrai lições da vida, não recebe conselhos (Pv. 13.10). A humildade, em Provérbios, é sinônima de sabedoria, que desvia o homem do mal, a arrogância, por sua vez, faz com que as pessoas tomem decisões precipitadas (Pv. 14.16). A arrogância é um pecado grave, pois faz com que as pessoas se afastem de Deus, conduzindo-as ao julgamento (Pv. 16.5). Ao se comparar a arrogância com a humildade, vale muito mais a pena viver entre os humildes do que entre os arrogantes (Pv. 16.16-18). Os arrogantes são comumente levados à ruina, enquanto que os humildes alcançam posição de honra (Pv. 18.12; 22.4; 25.6,7). Os arrogantes fazem muita propaganda enganosa, eles falam muito bem a respeito de si mesmos, mas passam vergonha quando são testados (Pv. 25.14,27). É melhor se aproximar de um tolo do que de uma pessoa arrogante, elas são altamente tóxicas, estragam tudo e todos que se encontra por perto (Pv. 26.12). Em virtude do muito dinheiro que conseguem acumular, os ricos são propensos à arrogância, os pobres, por serem dependentes, se aproximam de Deus, e encontram a verdadeira prosperidade (Pv. 28.11,25). Os pobres, especialmente os de espírito, se voltam para Deus, reconhecem que dEle vem a purificação (Pv. 30.13). O arrogante, por sua altivez de espírito, não pode ser salvo, peca contra Deus, diz blasfêmias, caminha para a perdição (Pv. 30.12), seria melhor que ele se calasse, ou então colocasse a mão na sua boca (Pv. 30.32).

3. HUMILDADE VERSUS ARROGÂNCIA
Deus se opõe aos arrogantes, mas dá graça aos humildes, pois são estes que percebem sua condição, sua necessidade de salvação, que vem de cima, não deles mesmos (Tg. 4.6). Jesus deixou claro que não podemos fazer coisa alguma sem Ele, somos como um galho que precisa da raiz e do tronco para se desenvolver (Jo. 15.5). A humildade começa diante do próprio Deus, pois o ser humano é pequeno, somente o Senhor é grande, digno de honra, glória e louvor. Ao ouvir a Palavra de Deus, o humilde, diferentemente do arrogante, treme, e se arrepende dos seus pecados (Is. 6.5; 66.2). Ao invés de se gloriar da sua força, o humilde tem consciência da sua fraqueza, sabe que nisso consiste sua fortaleza, fundamentada na graça de Deus em Cristo (II Co. 12.9,10). Paulo precisou experimentar o sofrimento para aprender a não se gloriar nas revelações que recebeu de Deus. O espinho na carne pode ser um tratamento divino para modificar o comportamento dos arrogantes (I Co. 12.7). Mas a conversão da arrogância para a humildade não acontece apenas com palavras, é preciso que essa seja demonstrada em ações, assim procedeu Israel, ao se dobrar perante o Senhor, depois de ter seu orgulho abatido (Jz. 10.15-16). A pessoa quebrantada por Deus, e que vive em humildade, não coloca a si mesmo em primeiro lugar, antes tem consideração por aquilo que é dos outros (Fp. 2.3,4). Na visão cristã, o humilde é justamente aquele que se coloca na condição de servo, assim como fez Cristo, ao lavar os pés dos seus discípulos (Jo. 13). O próprio Senhor lembrou que aqueles que querem ser maiores, devem buscar servir aos seus irmãos, no reino de Deus é maior quem mais serve (Mc. 9.35), Jesus mesmo vem para servir, não para ser servido (Mc. 10.45). Ao invés de agirem como os arrogantes, os cristãos devem se humilhar debaixo da potente mão de Deus, a fim de serem exaltados em tempo oportuno (I Pe. 5.6).

CONCLUSÃO
O ser humano, em sua natureza pecaminosa, tem tendência à arrogância. Essa prática é naturalizada entre as pessoas, que acham normal o comportamento egoísta. Mas a Palavra de Deus, e mais especificamente o livro de Provérbios, se contrapõe àqueles que têm coração altivo, que são orgulhosos. A virtude cristã, exemplificada na própria pessoa de Cristo, é a humildade, característica que se fundamenta no interesse pelos outros. Jesus chamou a vir a Ele todos os humildes, para dEle aprenderem (Mt. 11.28). Assim procedem todos aqueles que estão na escola da humildade, não da arrogância, são pessoas que estão sempre predispostas a aprenderem, por isso alcançarão maturidade espiritual.

BIBLIOGRAFIA
ORTLUND JR. R. C. Proverbs: wisdom that works. Illinois: Crossway, 2012.
WEIRSBE, W. W. Proverbs: be skillful. Colorado Springs: David Cook, 2009

O EXEMPLO PESSOAL NA EDUCAÇÃO DOS FILHOS - Lição 06


Texto Áureo: Pv. 20.7 – Leitura Bíblica: Pv. 4.1-4


INTRODUÇÃO
Entre os vários assuntos abordados no livro de Provérbios, a educação dos filhos ocupa lugar de destaque. Na aula de hoje mostraremos, a partir desse compêndio sapiencial, algumas orientações em relação à instrução dos filhos no temor do Senhor. Atentaremos, a princípio, à realidade do sistema educacional moderno, respaldado no relativismo e na ausência de limites. Em seguida, nos voltaremos para o valor da instrução e correção, com base em Provérbios. Ao final apresentaremos conselhos práticos para o crescimento não apenas físico, mas, sobretudo espiritual dos nossos filhos.

1. A EDUCAÇÃO NA MODERNIDADE


A educação na modernidade está fundamentada em princípios seculares, isto é, em valores que fogem aos padrões judaico-cristãos. As instituições de ensino foram tomadas pelo pensamento iluminista, a ofensiva, nesses últimos anos, está voltada para as famílias. Os pensadores educacionais se distanciaram de Deus, passaram a negar a realidade da fé, e a criticar a crença em um Criador. Como resultado, as pessoas estão cada vez mais sem esperança, voltadas para o materialismo, centradas no egocentrismo. O material didático produzido para as escolas sequer cogita a possibilidade da existência de Deus. Muitos professores, formados em universidades centradas no ateísmo, voltam-se contra a religião, afirmando que essa não passa de ópio. Nessa correnteza os valores cristãos, há muito defendidos para a família, estão sendo questionados, em favor de uma tendência culturalista. Tais pensadores incitam os pais a não repreenderem seus filhos, defendem que a ausência de limites é necessária para o desenvolvimento do caráter. A consequência dessa realidade é a formação de uma geração inteira de jovens que não se submete a autoridade dos pais, que desrespeitam os mais velhos. As orientações paternas deixaram de ter valor, tudo passou a ser objeto questionamento. Qualquer atitude de censura por parte dos pais é alvo de denúncia, até mesmo uma simples repreensão. Há ainda a ausência de ideais, de modelos a serem seguidos, os filhos não tem mais em quem se espelhar. A ênfase no individualismo enseja também comportamentos dúbios, a hipocrisia generalizada, assumida como algo normal, a fim de tirar vantagem do outro. Muitos filhos estão frustrados com os pais, que dizem uma coisa, mas fazem outra totalmente diferente. Esse comportamento hipócrita adentrou até mesmo as igrejas, muitos filhos não acreditam mais na fé exposta pelos pais, que não confere com suas práticas diárias.

2. PROVÉRBIOS: UMA VISÃO EDUCACIONAL

Em oposição a essa realidade moderna, o livro de Provérbios nos apresenta uma série de orientações para a educação dos filhos. Para o autor desse livro a disciplina faz parte do processo de criação dos filhos. A repreensão não deve ser motivo de culpa, mas uma necessidade, um ato de amor, de alguém que considera seu filho (Pv. 3.12). A passagem anterior é citada em Hb. 13.5-11, reforçando o princípio da disciplina amorosa. Ao contrário do que defendem alguns adeptos do humanismo sem limites, a correção, quando desempenhada com amor, traz resultados. Há uma passagem bastante controvertida no livro de Provérbios, que se encontra em Pv. 13.24, na qual existe uma orientação quanto ao uso da vara. Existem diversas análises teológicas a respeito do significado desse texto. Para alguns estudiosos, não se tratava da vara para açoitar, como se costuma fazer em alguns contextos, mas para chamar a atenção. O princípio, no entanto, permanece em relação à importância da correção, contanto que essa seja com amor. Essa também precisa ser feita no tempo apropriado, pois o tipo de disciplina depende da idade, e não pode ser postergada (Pv. 19.18). Em Pv. 22.6, os pais são orientados a ensinarem a criança no caminho em que devem andar, para que não se esqueçam dele quando crescerem. Destacamos inicialmente que o exemplo é relevante, os pais precisar estar NO caminho, precisam viver o que ensinam, para inspirar os filhos. Mesmo assim, isso não é garantia de que esses não se desviaram, pois o livro de Provérbios traz princípios gerais, não verdades específicas. Evidentemente as chances de se afastarem serão menores se os pais assumirem a responsabilidade de fazerem a sua parte. Timóteo é um exemplo de um jovem que foi instruído desde a tenra idade nas sagradas letras, produzindo frutos (II Tm. 3.15). Os filhos não são perfeitos, têm uma natureza pecaminosa, por isso carecem de repreensão (Pv. 22.15). Esse é um motivo, em alguns casos, para o uso da vara, a fim de fustigar, não para espancar, e orientá-los quanto ao caminho a ser trilhado (Pv. 23.13,14). Eli, o sacerdote, falhou nesse sentido, tratando seus filhos com liberalismo, resultando em ruina (I Sm. 3.13). Os erros precisam ser identificados e corrigidos para conduzir os filhos ao caminho da sabedoria (Pv. 29.15). Alguns filhos causam inquietação nos pais porque não foram disciplinados, não receberam a correção no tempo adequado, os pais não assumiram sua responsabilidade (Pv. 29.17).

3. ORIENTAÇÕES CRISTÃS PARA A EDUCAÇÃO DOS FILHOS

A educação dos filhos é uma tarefa complexa, para a qual os pais devem atentar, cientes das suas possibilidades e limitações. Isso porque existem diferentes tipos de pais, bem como de filhos, cada um deles com suas particularidades. Há os pais que são muito dominadores, que querem controlar todos os comportamentos dos filhos, mas isso pode resultar em amargura e revolta (Cl. 3.21). Outros os superprotegem, evitando, a qualquer custo, a frustração, cujo resultado é facilidade desses serem manipulados pelos outros quando crescerem (Pv. 13.24). Existem pais que acabam causando um excesso de dependência nos filhos, por serem possessivos e controladores, acompanham excessivamente tudo que os filhos fazem, fazendo com que esses se tornem indecisos e temerosos (Jr. 17.5). O oposto disso é a falta de cuidado em relação aos filhos, a ausência de todo e qualquer tipo de responsabilidade, que pode causar insegurança e falta de objetivos definidos no futuro (I Tm. 3.4). O ideal é que os pais busquem ensinar os filhos a se desenvolverem, acompanhando-os, através do encorajamento sincero, resultando em confiança e sabedoria (Lc. 2.40). Várias passagens da Bíblia admoestam quanto à necessidade de tratar os filhos com respeito (Cl. 3.21), ao cultivo do diálogo produtivo (I Ts. 4.1), à identificação de comportamentos negativos (Pv. 19.18), ao encorajamento à responsabilidade (Pv. 17.5), bem como ao reconhecimento das atitudes positivas (I Ts. 5.11). A educação dos filhos passa por uma série de atitudes, tais como: disposição para ouvi-los (Tg. 1.19), manifestação de amor entre os cônjuges (Ef. 5.33), não agir com favoritismo entre os filhos (Tg. 2.1), a disposição para pedir perdão diante das falhas (Mt. 5.23,24), sabedoria para lidar com as emoções (Cl. 3.8) e disciplina amorosa, nunca fundamentada na raiva (Ap. 3.19).

CONCLUSÃO
Vivemos em uma sociedade marcada pelo secularismo, que se distancia cada vez mais dos princípios divinos. O humanismo anticristão favorece o relativismo e a ausência de regras, de limites. Diante dessa realidade, precisamos resgatar, a partir de Provérbios, e da Bíblia como um todo, orientações que oportunizem a educação consistente dos nossos filhos, a fim de que esses temam ao Senhor, e vivam de acordo com Sua palavra. Mas a educação deve se pautar também pelo exemplo, não podemos ensinar uma coisa a agir de modo diferente, isso repercute negativamente na formação dos filhos.

BIBLIOGRAFIA
ORTLUND JR. R. C. Proverbs: wisdom that works. Illinois: Crossway, 2012.WEIRSBE, W. W. Proverbs: be skillful. Colorado Springs: David Cook, 2009.